Por aí: Lições sobre o corpo


Acredito que uma das coisas mais difíceis de fazer quando se é um ser humano, acima de tudo, adolescente e do sexo feminino, é aceitar e gostar do seu corpo como ele é. Pensando nisso, tomei a liberdade de traduzir (perdoem-me se tiver algum erro) um texto que eu encontrei navegando por aí (em uma página sobre balé no Facebook). Basicamente são sete lições que uma bailarina profissional passa para nós que ela aprendeu ao longo dos anos. Apesar de parecerem coisas óbvias e que algumas pessoas nos falam com frequência, ela me fez parar para pensar no que eu faço ou deixo de fazer com o meu corpo.
Claro que ela exalta em alguns trechos a busca pela magreza especialmente pelo fato de estar no mundo das sapatilhas de ponta, mas acredito que isso também mostra a pressão pela qual todos nós sofremos para um corpo perfeito que não existe, sendo bailarina ou não. O texto está traduzido abaixo e se quiser ler na versão original, o link estará logo depois do texto.
Quando eu era criança eu sabia que eu era diferente. Eu adormecia à noite ouvindo Chopin e Tchaikovsky e desenhava versões de tutus que eu queria usar no palco algum dia.  Eu troquei meu tempo livre pelas aulas de balé e era super focada em alcançar o meu maior objetivo de vida: me apresentar para viver.
Durante os meus 10 anos ou mais como uma bailarina profissional, meu relacionamento com o meu corpo evoluiu de uma auto-aversão e auto-disciplina para a mais profunda, próxima e mais íntima amizade que eu já tive. Eu aprendo mais sobre essa relação a cada dia.
Aqui estão sete lições que eu aprendi ao longo dos anos.
  • 1. Sem dor, sem resultado (no pain, no gain) funciona! Até que não mais.
Durante a minha carreira, eu me acostumei tanto com a dor que eu não sabia identificar quando um ferimento era grave ou não. Bailarinas têm que sofrer muita dor para se segurar em seus polegares e se contorcerem em posições não naturais, mas ainda assim a dor é um sinal do corpo de que algo está errado, e ignorando isso pode levar a sérios ferimentos. Eu costumava achar que dor era um sinal de fraqueza e que parar por causa disso, era preguiça.
É tão comum em nossa cultura ignorar as necessidades do corpo e continuar a forçar os nossos limites; mas se paramos para reabastecer e recarregar, nós somos muito mais produtivos, nos sentimos muito melhor e nos curamos ainda mais rápido. Nosso cérebro talvez nos mande sinais de cansaço e dor, e esses sinais são como nossos corpos funcionam, nos permitindo saber quando nós fizemos o suficiente. Vale a pena ouvir, parar e descansar.
  • 2. Se você encarar alguma coisa por muito tempo, encontrará seus defeitos.
Crescendo em frente a espelhos, eu aprendi a me corrigir me olhando. A fim de conhecer intimamente meu trabalho, eu tive que julgar meu corpo, forma e movimentos; e frequentemente focando tanto nos elementos negativos da minha forma física, que eu falhei em ver a beleza que eu criei com o meu corpo. Eu me assustaria com meu próprio reflexo e ficaria chocada em me ver em fotos ou vídeos que iriam surpreender agradavelmente às minhas expectativas.
Com que frequência você se flagra sendo negativo com a sua aparência? Quando se olha no espelho, você nota uma pessoa forte, capaz e bonita ou você fica preso nas suas imperfeições? A próxima vez em que se olhar no espelho, eu lhe convido a perceber esse diálogo e delicadamente focar nos aspectos positivos do seu ser. Quanto mais nós focamos nas coisas boas em nós mesmos, mais beleza nós irradiamos. 
  • 3. Nosso corpo é muito mais resistente do que nós dissemos.
Com cada ferimento que eu tive, ou sequencia de uma coreografia que eu aprendi, tinha sempre um momento onde eu pensava que as coisas sempre seriam difíceis; que eu nunca iria sarar ou aprender os novos passos. Foi necessário a repetição deste ciclo várias vezes para que eu confiasse que meu corpo foi designado a se adaptar para as mais loucas situações, curar-se de quase tudo e criar equilíbrio não importa em que lugar eu esteja.
O corpo é uma máquina brilhante. Não comete erros - nossos olhos podem ver na escuridão, nossos pulmões não esquecem de respirar, nossos corações batem o dia todo. Se começar a duvidar das capacidades do seu corpo, lembre-se da vez em que você presenciou a sua cura e confie que essa inata sabedoria está sempre com você. Seu corpo é tão poderoso e designado a suportar toda a sua existência.
  • 4. Você é o que você come
Dançando para viver, parte do trabalho inclui reabastecer o corpo. Eu aprendi muito cedo que ensaiar ou performar com uma ressaca não é uma opção. Eu rapidamente percebi que eu tinha diferentes energias e alongamentos quando eu comia vegetais ao invés de cupcakes (e eu amo cupcakes).
Simples, as comidas que você escolhe criam o seu corpo: seus músculos, sangue, tecidos, cabelos, pensamentos e humores. A qualidade da sua comida afeta sua experiência de saúde e de bem-estar. Ponto. Escolhendo comer nutrientes, comidas não-processadas, você dá poder a si mesmo e a seu copo para a maior capacidade de prazer, energia e clareza a cada dia. Comece aos poucos. Tente substituir o docinho da tarde com uma alternativa saudável  como frutas ou nozes e veja como você se sente depois.
  • 5. Cada corpo tem sua fórmula perfeita para crescer.
Eu geralmente experimentava dietas e hábitos de dançarinas bem-sucedidas, esperando que aquilo fosse me fazer uma artista melhor e mais magra. Eu adotei o veganismo, comer carne, comer comidas cruas até o jantar, enrolar meu corpo em plástico pra queimar quilos extras... Eventualmente eu percebi que cada corpo tem sua fórmula. O que funciona para uns não funciona para outros.
Para descobrir qual é a sua receita pessoal para a grandeza, gaste algum tempo pesquisando profundamente sinais sutis do seu corpo e preste muita atenção em como certas comidas e hábitos lhe fazem sentir. No final, você é o único que conhece o seu corpo e sabe o que é melhor para ele.
  • 6. Cuidar do seu corpo não é só um luxo.
Eu costumava pensar que algumas "ajudinhas" físicas, como massagem regular o acupuntura eram só para ocasiões especiais. Enquanto essas coisas lhe fazem sentir luxuoso, priorizar os cuidados físicos não é só um luxo. Cuidando do nosso corpo pode ajudá-lo a fazer o que ele é naturalmente designado a fazer. Fazer essas coisas parte dos seus cuidados com a saúde pessoal é um modo de oferecer gratidão e respeito pelo o que seu corpo faz a cada dia.
Agendar um dia mensal para trabalhar o corpo ou tirar cinco minutos pra se alongar hoje a noite antes de ir pra cama. Nós passamos a vida inteira nesse veículo incrível, então cuide de suas necessidades.
  • 7. Nossos corpos são nossas casas amáveis.
Através dos anos desejando que meu corpo fosse diferente, ultrapassando meus limites, dietas inconsistentes e, francamente, sendo muito má às vezes, eu percebi que meu corpo é uma paciente, sábia e amável casa. Meu corpo reconhece elementos que meu cérebro às vezes não quer, e me carrega elegante e graciosamente durante a minha vida. Meu corpo é verdadeiramente meu melhor amigo, não importa como eu o tratei.
Como eu deixei o mundo do balé profissional e me tornei uma treinadora saudável, eu reconheço profundamente essas lições como parte da minha existência hoje. Eu sou constantemente inspirada e maravilhada quando as pessoas levam essas lições para o coração e eu vi tantas vidas curarem e mudarem em maneiras extremas em resultado de conectar mente ao corpo.
Onde você poderia conscientizar-se profundamente da sua relação com seu corpo? Como sua vida seria diferente se você reconhecesse o presente que você tem com esse corpo maravilhoso que é sua casa nessa vida? Como seus dias seriam diferentes se você amasse e cuidasse do seu corpo da maneira que você pode?
Eu lhe convido a amar o corpo que você chama de casa.
Fonte: Mind Body Green

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